SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 17 de março de 2018

Palavra Solta – noite, apenas...



*Rangel Alves da Costa


Noite, apenas... O dia se foi, o sol se foi, o calor se foi. E agora a noite, mas noite, apenas. Tenho uma lua, tenho um céu estrelado, tenho uma aragem que de vez em quando irrompe pela janela. Acendi o candeeiro, abri a porta da frente. Ao redor, apenas noite. Já não ouço o canto incessante dos grilos nem os agouros da mãe-da-lua. Já não ouço a canção da ventania nem o murmurejar sonolento das folhagens. Já não avisto fantasmas nem lobisomens. Já perdi o medo. Já perdi o medo da noite. Mas não de toda noite. Dói-me, dilacera-me a alma, o outro medo que chega. A saudade, a saudade, a saudade. Saudade noturna é enfermidade de difícil cura. E adoeço e atormento um pouco mais a cada noite. Retratos, imagens, lembranças, recordações. Até que fecho a porta e vou tentar adormecer para fechar o livro antigo das memórias. Mas não adianta. Sempre a saudade, a saudade, a saudade...


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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