*Rangel Alves da Costa
Noite, apenas... O dia se foi, o sol se foi,
o calor se foi. E agora a noite, mas noite, apenas. Tenho uma lua, tenho um céu
estrelado, tenho uma aragem que de vez em quando irrompe pela janela. Acendi o
candeeiro, abri a porta da frente. Ao redor, apenas noite. Já não ouço o canto
incessante dos grilos nem os agouros da mãe-da-lua. Já não ouço a canção da
ventania nem o murmurejar sonolento das folhagens. Já não avisto fantasmas nem
lobisomens. Já perdi o medo. Já perdi o medo da noite. Mas não de toda noite.
Dói-me, dilacera-me a alma, o outro medo que chega. A saudade, a saudade, a
saudade. Saudade noturna é enfermidade de difícil cura. E adoeço e atormento um
pouco mais a cada noite. Retratos, imagens, lembranças, recordações. Até que
fecho a porta e vou tentar adormecer para fechar o livro antigo das memórias.
Mas não adianta. Sempre a saudade, a saudade, a saudade...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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