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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Palavra Solta - no outro lado do rio



*Rangel Alves da Costa


Em Curralinho, povoação à margens do Velho Chico no município de Poço Redondo, sertão sergipano, ontem e hoje são dias de festa grande. As comemorações carnavalescas são geralmente realizadas por lá. Um povo animado, feliz, contente, com espíritos e almas inteiramente entregues à folia. Em meio à curtição, certamente ninguém teve tempo de olhar para o outro lado do rio, para a margem ao longe depois das águas, num lugarzinho chamado Pontaleão. É uma propriedade ribeirinha, na paz e sossego tão invejáveis nos dias de hoje. Um lugarzinho de silêncio e candura, de uma solidão tão necessária ao pensamento e à reflexão. Uma casa maior, outra maior, circundada por serras e montes, envolta em arvoredos e árvores frutíferas. Ao longe, sempre parece um lugar esquecido no meio do mundo e moradia somente do silêncio e da solidão. Um mundo tão belo quanto vazio de humanos, uma paisagem tão convidativa quanto melancólica. Ao menos assim parece ser. Mas eu estava lá. Na outra margem festiva, tudo diferente do que havia por lá. Todos brincavam, pulavam, bebiam, dançavam, entregavam-se ao nada. E ninguém sequer olhava para a paz, o silêncio, o sossego do outro lado. Mas eu estava lá. Nenhuma festa é mais importante que a minha paz interior. Por isso eu estava lá.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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