SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 26 de novembro de 2017

Palavra Solta – o doce silêncio da noite


*Rangel Alves da Costa


Certamente que há dias que a noite mais parece de lobos, de gatos no telhado, de gritos e gemidos, de pavores e temores. Noites onde as saudades e os tormentos tornam o ser humano verdadeiramente agonizante. Noites em claro, aflitivas, angustiadas. Contudo, outras noites são de intensa e real poesia, são de plangências e canções, são de coros angelicais pulsando na alma. Benditas as noites assim. Noites que descem como véu singelo e afetuoso desde o entardecer. Noites que se derramam em lua e flor, em afagos estrelados e carícias espirituais. Noites docemente meditativas, reflexivas, onde os pensamentos se contentam na brandura do que se quer recordar. Nada aflige, nada faz agonizar, nada submete o ser às angústias da escuridão. E em tudo parecendo haver um noturno para valsa e piano, uma sonata, um prelúdio. A chuva caindo apenas acentua o sentimento, a lua bonita apenas emoldura uma boa recordação, até mesmo os velhos e retratos e fotografias parecem sorrir ao invés de angustiar. Sim, existem noites assim. Noites de silêncios e ternuras, de luas no olhar, na face, bem dentro do coração.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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