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domingo, 12 de novembro de 2017

ESPAÇO, CONTEXTOS E ARREDORES


*Rangel Alves da Costa


Onde havia mata agora é cidade, onde havia deserto agora é construção, onde havia apenas um ponto de parada, agora se transformou em estação. Do mesmo modo, onde havia o nada, pois na virgem natureza, agora a devastação. Em tudo, a transformação do espaço, do meio, do contexto e dos arredores.
O espaço possui importância fundamental na vida e no desenvolvimento da sociedade humana. Compreender o espaço implica na busca do entendimento do relacionamento do homem com o seu meio. E principalmente compreender como esse meio, antes inóspito e hostil, foi se modificando ou sendo transformado em nome da existência humana, do trabalho, do desenvolvimento e do progresso.
É no espaço geográfico que nascem as povoações, os núcleos urbanos e as atividades produtivas. Daí que não há espaço geográfico que não possa ser aproveitado para o desenvolvimento de alguma atividade. E daí também o seu desenvolvimento. Mas tudo fruto de uma cadeia de relações que, através da transformação, acaba propiciando novas funções e contextos ao espaço.
Uma noção preliminar de espaço geográfico remete a lugar, a paisagem, a local. Indica também região, território ou ambiente. Seria o espaço físico no seu contexto natural, que depois vai sendo transformado pelo homem segundo suas necessidades. Um desbravador, por exemplo, um dia viu no espaço natural o local propício para fixar moradia e daí o surgimento de uma povoação, de uma cidade, de um grande centro urbano.
De qualquer modo, tem-se que o espaço geográfico nada mais é que o ambiente encontrado e alterado pelo homem. É o cenário das relações humanas com o meio natural. É o abrigo da sociedade e de todos os elementos que compõem a natureza. Mas também, depois de transformado, é o espaço do novo, do construído, do inovado.
As necessidades e o desenvolvimento de atividades pelo ser humano foram promovendo grandes transformações no espaço geográfico. Com a Revolução Industrial, grandes quantidades de recursos foram retiradas da natureza para abastecer as atividades industriais. Com os avanços tecnológicos e o surgimento de poderosos equipamentos, houve um incremento ainda maior da exploração da natureza.
Tais transformações, contudo, quando racionalizadas, fazem parte da lógica do desenvolvimento. E o espaço geográfico é a partir de onde se desenvolve todo o desenvolvimento, seja de um pequeno núcleo urbano, de uma cidade de pequeno porte ou até de um polo industrial.
Contudo, como o espaço geográfico se diferencia um do outro, a partir de aspectos como clima, relevo, vegetação, recursos minerais, população, etc., também se dá de forma desigual o seu aproveitamento e desenvolvimento. E assim por que cada espaço possui forças próprias que alavancam ou diminuem o seu desenvolvimento.
Para uma ideia mais nítida, basta um grande empreendimento numa região empobrecida para que toda a realidade seja transformada. Logo inúmeras pessoas acorrerão ao lugar, haverá aumento de construções, crescimento do comércio, circulação maior de riqueza e geração de empregos, dentre outros fatores. Também utilização de mão-de-obra barata, degradação ambiental, perda da qualidade de vida e crescimento da violência.
Contudo, outras regiões, ainda que incentivos fiscais sejam oferecidos, poucos investidores se arriscam nestes espaços. E assim porque outros fatores existem que impedem o desenvolvimento daquele espaço. Dentre tais fatores estão as dificuldades logísticas, a falta de matéria-prima e a escassez de mão-de-obra. Quer dizer, muitos fatores implicam na escolha de um espaço geográfico para a implantação de uma indústria, o que acabam determinando o seu maior ou menor desenvolvimento.
Desse modo, muito mais que a simples noção de lugar ou de área, compreender o espaço geográfico implica entender a cadeia de relações que acabam determinando o seu máximo aproveitamento. E tal assertiva confirma-se à medida que muitas regiões vizinhas possuem desenvolvimento desigual. Em situação tal, não é a sorte que predispõe ao desenvolvimento, mas a existência de aspectos geográficos, econômicos e sociais que permitem o desenvolvimento desigual.
Nos espaços surgem os desbravamentos, as investidas, as construções, as povoações, as vilas e cidades. As pequenas feiras e pequenos centros de comércio vão desenvolvendo seus entornos. O próprio homem, mesmo destruindo o espaço nativo, acaba provocando transformações que mais tarde podem originar grandes aglomerações urbanas. Até uma casa construída num local desabitado, de repente começa a provocar mudanças nos seus arredores. E assim o homem vai manejo e dando novas feições aos seus espaços.


Escritor
blograngel-sertão.blogspot.com

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