SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Palavra Solta - Getulina Quixabeira


*Rangel Alves da Costa


Getulina Quixabeira, eita muié arretada, nunca se viu no sertão arguém mais desarvorada, dando no em pingo d’água fazendo do sol caçoada. Getulina Quixabeira, nascida em noite de breu, o vigário da cidade logo a fronte lhe benzeu, já prevendo seu futuro muito cristão e mais ateu. Eita fia da gota a muié, comia sem meter a cuié, ainda fumaçando na boca deitava o café, adespois punha nas ventas um punhado de rapé. Vestia vestido não, gostava de calça e calção, rasgava toda blusinha e se metia em jaquetão, dizia nada temer nem mesmo o tal Lampião. E um dia aresolveu ao cangaço se juntar, entrou na caatinga afoita e o bando foi caçar, queria porque queria a vida cangaceirar. Lampião desconfiou do jeito da Quixabeira, mais parecia um homem pro riba e pela beira, mas ela nem se importava quando ouvia uma besteira. Mas então aconteceu o que não havia de pensar, pois a logo a Quixabeira se deixou apaixonar por um tal de Cabeleira, de olhar tão afiado que nem um punhal de feira. A muié se viu em agonia, não era isso que previa, aquele amor repentino do seu destino fugia. Então uma noite de breu no mundo se escafedeu, no meio do mundo se meteu e na história desapareceu. E sumiu a Quixabeira pelos sertões e além, hoje a sua história vale um cordel de vintém, mas valia muito mais se dessem o valor que ela tem.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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