SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 28 de outubro de 2017

Palavra Solta – as três solteironas


*Rangel Alves da Costa


Zuzu, Demunda e Mirinalda, eis os nomes das três solteironas que de vez em quando, ao entardecer refrescado pela aragem, sentavam-se em cadeiras de balanços na calçada. Toda vez era assim. Todas chegavam desejosas de falar de homem, de macho, de safadezas, mas cada uma se mantinha desconfiada esperando que a outra começasse. Até que uma dizia: “Só passa muié. Tô cheia de vê muié em minha frente. Preferia avistar uma cabra, um cabrito...”. Ao que a outra cortava para falar: “Deixe de conversê. Você queria mermo era ver macho passando. Deseja avistar macho passano e ainda vem com essa história de cabrito, de cabra, de jumento...”. A palavra jumento acabaria causando verdadeiro enrubescimento entre as demais, conforme constatado pelas palavras da terceira: “Cabrito, melhor cabrito, jumento não. Vixe só em pensar!” E começou a se abanar. Mas eis que de repente ao longe vai surgindo um moço bonito, elegante, todo perfumado, pronto para ser paquerado. Quando mais se aproximava mais as solteironas se desesperavam, mudavam do vermelho ao lilás, só faltavam dar piripaquis. Contudo, o mais estranho é que cada uma procurava fingir mais que a outra toda aquela aflição. Mas quando o rapaz foi passando bem defronte as três, aproximando-se um pouco mais e se preparando para dar-lhes um cumprimento de boa tarde, somente avistou a maior estranheza do mundo. As três estavam desmaiadas.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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