*Rangel Alves da Costa
Muitas
flores existem que permanecem escondidas. Refiro-me às flores sertanejas, às
tão belas margaridas, rosas e violetas sertanejas, que mesmo tão belas, sedosas
e perfumadas, quase nunca vão além do jardim. Flores com nome de Zefinha, de
Luzia, de Maria, de Lourdes, de Luciana, de Joana, de Margarida mesmo, dentre
tantos outros, que desabrocham suas belezas e permanecem como que escondidas
por trás de portas e janelas, dentro de casa, em mundos distantes e esquecidos.
Mocinhas de belezas puras, quase infantis, angelicais e humildes, que
dificilmente vão além da porteira ou da curva da estrada. O viajante que passa
e avista a flor na janela, logo se admira com tamanha formosura. Ao se
aproximar, então a mocinha se esconde envergonhada, ainda que seu coração
esteja em palpitação. Mocinha que quando abre a boca solta uma voz tão meiga e
suave que mais parece um eco de brisa. Mocinha cuja beleza não necessita de
roupa chique, de sapato apertado ou de brinco e anel, pois já vestida em si
mesma da lindeza da vida. E são muitas assim por essas distâncias matutas,
atrás de janelas e portas e seus jardins tão belos e tão tristonhos.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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