*Rangel Alves da Costa
Até parece um maravilhamento, um
encantamento, alguma coisa do outro mundo, mas é apenas chuva no sertão. Mais
parece a grande beleza da vida, o acontecimento mais grandioso que possa
existir, o livro mais lindo aberto, mas tão somente a chuva chegada ao sertão.
Com efeito, o delírio é tamanho do sertanejo que mais parece a sorte grande
encontrada. Mesmo não sendo chuva de trovoada, forte e constante, molhando a
profundeza da terra, alagando tudo e transbordando fontes e ribeirões, ainda
assim há uma alegria sem igual com as últimas chuvas caídas. Quando em outros
centros urbanos, principalmente nas capitais, as chuvaradas provocam
transtornos e enraivecimentos, no sertão é motivo de jubilo, de alegria, de
contentamento sem fim. Só em saber que os tanques passarão muitos dias com
água, que o bicho de cria e do mato não vai continuar sofrendo tanto, que o
verdor e o viço da planta logo ressurgirão, que a terra talvez logo possa
acolher a boa semente, tudo isso é verdadeira magia aos olhos do sertanejo. É
como se a caneca vazia e a boca sedenta de repente reencontrasse o gole d’água.
Tudo coisa pouca, ainda. Mas tudo tão imensamente esperançoso que a vida mesma
parece renascida em cada um.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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