SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Palavra Solta - boleros noturnos de um coração solitário


*Rangel Alves da Costa


Os corações solitários se fecham em suas noites para a nostalgia e o amor em memória. Tudo na relembrança dos tempos idos e seus perfumes noturnos, das taças e cálices esperando mais uma bebida, de luzes brandas avermelhadas escondendo as faces sofridas. Amores e paixões do anoitecer ao amanhecer, esperas e desesperanças ao cintilar da lua, caminhos de volta no cansaço da solidão. Os tempos são outros. Os bares, botequins, cabarés e casas noturnas fecharam as portas. As vitrolas já não cantarolam os boleros apaixonados. O cheiro de perfume e limão, de hálito carregado e suores etílicos, já não existem na noite. Apenas noites de solidão e saudades de um tempo que se foi sem deixar seus rastros. E por isso, nos escondidos da noite, entre paredes e portas fechadas, apenas a solidão de copo à mão e o passo ébrio querendo dançar enquanto a boca molhada pela lágrima que desce, se abre para cantarolar: Siempre que te pregunto que, cuándo, como y donde. Tu siempre me respondes quizás, quizás, quizás. Y así pasan los días y yo, desesperado. Y tú, tú contestando quizás, quizás, quizás. Estás perdiendo el tempo pensando, pensando. Por lo que más tú quieras hasta cuándo? Hasta cuándo? Y así pasan los días y yo, desesperado. Y tú, tú contestando quizás, quizás, quizás.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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