SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 14 de janeiro de 2017

Palavra Solta – com cerveja e sem feira


*Rangel Alves da Costa


Nasci num sertão empobrecido e desvalido de empregos e oportunidades. A pobreza ronda grande parte dos lares e as mesas reclamam de pedaço disso e daquilo. E assim por que nos dias de feira pouco há pra comprar de bolso vazio. Contudo, muito mais assim por que o dinheiro do quilo de carne, de feijão e de arroz, do quilo de açúcar e de farinha, e também o tantinho disso e daquilo, já se foi no último final de semana, na seresta, na mesa de bar, na roda de amigos. Torna-se, então, verdade quando se diz que muita gente só tem dinheiro pra beber, pra farrear, mas não para cumprir com as mínimas necessidades porta de casa adentro. Mais verdade ainda quando se considera, por exemplo, que numa seresta uma cerveja custa o mesmo preço de um quilo de carne de porco. Duas cervejas custam pouco mais de um quilo de carne de gado. O gasto despendido com a farra certamente daria para uma pequena feira. Mas sempre preferem beber e brincar a ter o alimento do dia a dia. E chega o dia da feira, de bolso vazio, o sujeito ainda vai tomar uma fiado. E dizendo que é pra afastar a aflição da pobreza. Cara de pau que não há óleo de peroba que faça brilhar.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com 

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