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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Palavra Solta - do silêncio e da palavra


*Rangel Alves da Costa


Ouço mais o silêncio do que a palavra em voz. Nem toda voz me chega audível. Ou vem distorcida ou me chega inoportuna. Ouço e não ouço, finjo ouvir. Até creio que a maioria das pessoas não mais sabe falar. Gritam, vociferam, embrutecem a comunicação. O sussurro lhe soa estranho porque desacostumou a ter medida. Não conhece a plangência dá voz em seu tom de assimilação na alma. Por isso mesmo que o silêncio me chega melhor, com voz mais compreensível que qualquer palavra. Ademais, já nem sei quando ouvi uma palavra singela, um frase afetuosa, uma expressão carinhosa. Nunca me esqueço de ter ouvido um dia: “Meu olho gosta de avistar seu olhar. Eu também gosto de avistar onde está. Por isso caminho feliz para lhe encontrar”. Deu-me um beijo e partiu. Mas toda vez que se faz silêncio ainda ouço sua voz, ainda ouço sua meiguice na voz. E é como aquele beijo se repetisse sempre. Na voz, na voz da saudade. No silêncio que se traduz em esperança, pois ouço a mim mesmo dizendo: Volte!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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