SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Palavra Solta - a chama do velho candeeiro


*Rangel Alves da Costa


Depois da lua cheia, do vaga-lume e do olho atento, o candeeiro foi a luz que mais iluminou os sertões de antigamente. Não havia vela, lampião a gás, lamparina de camisa, nada que facilitasse a vida do sertanejo e o tirasse do breu noturno. Ao surgir o candeeiro, que nada mais é que um vasilhame que vai afunilando para cima até forma um bico, e neste desponta o pavio de algodão, então a vida ficou muito mais segura e animada. Ora, os casebres se animavam com a chama acesa, a mulher costurava e remendava seus panos, a mocinha debulhava o feijão de corda, o menino reinava de canto a outro. Tudo nascido de uma coisa tão simples. Bastava colocar querosene dentro do vasilhame e logo o pavio se emudecia pronto pra chamejar. Mesmo o vento açoitando, a luz balançava e não apagava. Nem todo sopro de gente conseguia apagar a vibrante chama. Por isso que quando já tarde da noite e todos tinham de se recolher, o dono ou a dona da casa se dirigia até o candeeiro, geralmente atrepado na parede de barro, e com dois dedos apertava o pavio. Tudo escurecia novamente. Somente a lua lá fora, somente o vaga-lume lá por todo lugar.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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