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domingo, 3 de janeiro de 2016

SOCIEDADE LADEIRA ABAIXO


Rangel Alves da Costa*


Como já afirmou um filósofo, não há vida que se sustente sem as bases elementares que dignificam a sociedade. Ao perder seus alicerces de respeito, compartilhamento, bondade e valorização do próximo, certamente tombará pelas suas próprias invirtudes.
Como uma Sodoma ou Gomorra, onde a perda da identidade moral teve a destruição pelo fogo e enxofre como consequência, a sociedade atual caminha no mesmo sentido. Nela, infelizmente, tem-se o desrespeito, a transgressão comportamental e a pecaminosidade, como gestoras de sua total decadência.
Quando falo em sociedade me reporto à família, a convívio, a relações, a comportamentos. Por consequência, me volto também à relação entre pais e filhos, a liberdades pessoais, a costumes, a namoros e relacionamentos. E me assusto quando os vícios em drogas agora são vistos como modismos e não como problemas que necessitam ser combatidos.
As famílias parecem ter abandonado o caderno de primeiras lições. E um dos fatores primordiais para a compreensão dos valores presentes na sociedade moderna está no comportamento dos pais para com os filhos e destes para com seus pais e relacionamentos. Como consequências, as anomalias amorosas e sexuais que também se tornaram modismos.
Mas há um problema ainda maior: a corrupção comportamental das pessoas, indistintamente e, por consequência, dos sujeitos individualmente e das famílias. Ainda na adolescência e a menina ou o menino já coloca os pés pelas mãos, e com a aquiescência dos pais. Quando adulto, então se acha no direito de não ouvir mais ninguém. E daí pessoas que verdadeiramente não deram certo na vida.
Sem as virtudes básicas, sem os valores éticos, morais e humanistas, ao atual conjunto de seres em convívio outra denominação não se terá senão a de caos social. Como se sabe, por definição caos é um estado de absoluta confusão, de desordem extrema e irremediável. Por outras palavras, um estágio social onde a indiferença aos valores garantirá o seu próprio fim.
Ora, no estágio em que a sociedade está não é difícil avistar o seu fim. Nada se perpetua no pecado, na extrema violência, na balbúrdia, na imoralidade, nas transgressões de todos os tipos. Tudo se inflama de tal modo que não se sustenta mais. Não há elasticidade que suporte o constante sopro dos desregramentos e da indecência.
Significa dizer que a sociedade, no rumo vicioso que vai, chegará ao ápice da transgressão. Tudo se afeiçoa a um vulcão que se imagina adormecido quando se contorce por dentro para depois explodir com mil línguas de fogo. Tudo parecerá com a bomba que explode pela fusão de seus elementos.
Assim a sociedade, num caminho sem volta. O que é o moderno, o novo, o modismo, senão os elementos básicos da destruição da sociedade? Nada surge para valorizar ou unir a família, nada aparece para reafirmar o amor como necessidade, nada chega para alimentar o humanismo nos corações, nada vem que seja realmente proveitoso à vida.
Os modismos são os enxofres e as labaredas que se acumulam. Numa sociedade onde a moda é ficar, curtir, esnobar, tirar sarro, logo se avista a imoralidade contextualizando as relações. Numa sociedade onde pais modernos deixam que filhos transformem suas casas em motéis, logo se percebe a total depreciação do respeito e da moralidade.
Verdade que com o passar dos anos as transformações se tornam inevitáveis. Contudo, tem acontecido que somente para o pior. Apenas as ciências tomam para si a responsabilidade por grandes conquistas, pois no restante o homem chama para si o dever de transformar para o que de pior possa existir. Até a fé, em algumas situações, foi transformada em espada de sangue.
Como pode se sustentar uma sociedade onde a imoralidade, a ilegalidade e os vícios, se tornaram ações corriqueiras na vida da maioria das pessoas? Nada pode sustentar uma sociedade onde a violência é desenfreada, se mata por qualquer motivo ou até sem nenhuma motivação, e absolutamente ninguém pode virar uma esquina sem correr perigo.
Nenhuma sociedade suporta ter seus valores violados ou transgredidos a todo instante. Clama-se em defesa dos bens da natureza, mas pactua com o consumo desenfreado dos bens dela advindos. Defende a instituição familiar, porém sequer quer saber como vai o pai ou a mãe, como está o parente enfermo, como está sobrevivendo aquele irmão em difícil situação. Uma gente cuja racionalidade sempre se volta a interesses próprios.
E são os interesses egoísticos - quase sempre envoltos em espertezas - que mais maculam a sociedade. São tais interesses que levam à corrupção, à improbidade, à imoralidade pessoal e administrativa. No intuito de tirar proveito em tudo, ainda que a ação não passe de ilegal subtração, é que grande parte do contexto social vai se amoldando a um banditismo dissimulado.
Tudo está aí para ser confirmado. Não há um exercício de imaginação, mas de realidade. Observa-se não pela ótica moralista ou conservadorista, pela lente do puritanismo ou do tradicionalismo, mas pela visão dos fatos. E é esta a sociedade atual, um lugar desde muito definido por Dante.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Um comentário:

António Ja Batalha disse...

Estou a tentar visitar todos os amigos da verdade em poesia afim de lhes desejar um 2016 muito feliz cheio de grandes vitórias e muita saúde e Paz.
António.