Rangel Alves da Costa*
Minha gente sertaneja é uma gente humilde.
Hoje em dia tudo está muito diferente, com os modismos devastando os costumes e
os comportamentos, mas ainda assim, principalmente entre os mais velhos,
persistem modos enraizados desde muito. E a humildade desponta como uma das
características avistáveis num povo respeitador, familiar e lutador. Coisa
estranha, mas quanto mais empobrecido for o homem da terra mais humilde é o seu
jeito de ser. Uma gente sem luxo, sem esnobês, sem duas caras, sem frescuras,
como se diz por lá. Nele ainda se avista a palavra amiga, o proseado sincero, o
compartilhamento, a amizade verdadeira. Ao chegar na casa de poucas
dependências e pouco mobiliário, logo uma xícara de café, um pedaço de bolo, um
tamborete para sentar. Quando vai almoçar, tudo faz para dividir o que tem, assim
como um ovo, um pedaço de preá, tripa de porco, toucinho, seja o que dispuser para
enganar a fome naquele dia. Sem o contato, é avistado silencioso, conversando
com o tempo, no passo lento e com feição um tanto entristecida. Mas basta uma
aproximação e o comprimento para que o sorriso se faça imenso e a pobreza dê
lugar à grandeza da alma. Que alma boa, grande e humilde é a do sertanejo. E
não será difícil encontrar um assim nas terras de onde vim.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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