Rangel Alves da Costa*
Já às vésperas do Natal e mais parecendo uma
época qualquer, comum demais. Recordo-me bem que não só estes dias como o todo
o mês de dezembro eram muito diferenciados do que se tem agora. Dezembro
chegava sempre esperançoso, melancólico, cativante. O espírito do Natal estava
em todos os lugares, na feição das pessoas, nas relações. Um tempo de cartões
natalinos, de calendários e folhinhas, de ruas enfeitadas e lojas apinhadas de
gente. Não só as compras dos presentes como dos produtos para os preparativos
da ceia. As harpas ecoavam, as músicas natalinas saíam pelas janelas, árvores
brilhavam iluminadas, tudo numa verdadeira festa ao olhar e ao coração. Mas
agora está muito diferente, nem parece que o Natal se aproxima. As pessoas não
passam com embalagens de presentes, os perus, os chesters e os pernis já não
são adquiridos na constância de outrora, os enfeites rarearam, praticamente não
há mais presépios, os coros angelicais silenciaram. E as pessoas tristes,
cabisbaixas, melancólicas por outras razões. Não há meios de compras, tudo
encareceu demais, os salários já sumiram no início do mês, há uma quebradeira
geral. Então, numa situação assim, feliz o que? Apenas a esperança. Esta nunca
morrerá nos corações ainda cheios de fé e divindade. E o que nos resta viver.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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