SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 6 de outubro de 2015

Palavra Solta: o grão, o mundo...


Rangel Alves da Costa*


Há uma teoria acerca da queda do pingo d’água ou do sopro provocado pelo bater das asas de borboleta que se mostra surpreendente. Demonstra que um simples pingo d’água sobre o leito do mar tem o poder de provocar consequências admiráveis. Assim, o pingo cai, seu peso provoca mudança na água, uma pequena onda se forma, e uma maior, outra maior, até uma imensidão de água se mover cada vez mais forte, mais potente, devastadora. Igualmente a que remete ao bater de asas de borboleta. O sacudir das asas provoca uma reação ao redor, algo como um leve sopro, que ao alcançar o que esteja ao redor vai provocando reações em cadeia. O sopro leva a partícula invisível pelo ar, que avança como poeira, que segue adiante como poeira, que se acumula como areia e se transforma em pedras, montes, montanhas, penhascos colossais. Ou simplesmente sopra na folha, que se agita e vai provocando transformações numa floresta inteira. No mesmo sentido o leve bater das ondas sobre um rochedo. A pedra lavada de hoje já foi rocha imensa no passado, mas foi sendo lentamente diminuída pelo calmo e silencioso beijo das águas. Enquanto isso, o homem nada faz para mudar o seu mundo e o próprio mundo. Bastaria o grão do sentir, o pingo de amor pela vida e tudo já teria seu começo. Mas, enfim, que a natureza faça o que o homem sempre demonstrou ser incompetente e incapaz de fazer. Semear o seu sagrado grão, em nome de si, de todos e da vida.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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