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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Palavra Solta: mentiras


Rangel Alves da Costa*


Não há nada mais destrutivo que uma mentira. Seu perigo é tão grande que pode causar uma guerra, ocasionar uma morte, provocar desonra de difícil reparação. Mesmo desmascarada, ainda deixa atrás de si um rastro injurioso e abominável. E não tem pernas curtas não. Pelo contrário, a mentira sempre esteve à frente das maiores inovações tecnológicas. Quando a ciência ainda apenas supunha a possibilidade do teletransporte ou da viagem no tempo, a mentira já havia chegado lá. Quando os cientistas apenas esboçavam teorias da materialização antecipada dos fatos, a mentira já havia conseguido desde muito tempo. Ora, a mentira ultrapassa barreiras imaginadas impenetráveis, possui a mesma posição lunar nas noites do planeta, tem o dom especial de estar no passado e no presente ao mesmo tempo, prolifera-se num segundo, passando de grão à imensidão. Para se ter ideia, uma mentira contada na sala da frente vai chegar à cozinha já devidamente transformada. O que foi ardilosamente ou falsamente espalhado de um modo, ao virar a esquina já possui dimensões imagináveis, tanto no conteúdo como no espanto. Uma suspeita já é repassada como confirmação, um ouvi dizer já se torna em certeza absoluta, um talvez já se torna definição conclusiva. E sempre denegrindo as pessoas, destruindo as honras e as reputações, espalhando aleivosias e ofensas baratas. Neste percurso, todo mundo vai sabendo de tudo e ninguém se compromete a dizer que não. Apenas repassa com gosto e sadismo. E no final das contas, quando o estrago já está feito, então chega um e outro para rebuscar a verdade. Tarde demais. Ante a mentira, até mesmo a verdade precisa esconder sua veracidade.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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