SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 20 de setembro de 2015

Palavra Solta: aqueles dias


Rangel Alves da Costa*


Dias existem que surgem somente para atormentar. Mesmo que a pessoa não tenha adormecido ou acordado com problemas, a verdade é que daí em diante tudo parece não acontecer. Espírito e alma se tornam aflitos, os bons pensamentos não surgem, nada consegue trazer alegria, até mesmo o olhar se perde sem direção alguma. O corpo parece cansado, pesado demais, a mente anuviada, há um desencorajamento em tudo. Nada contenta, anima, produz força de reação. Há uma fuga das pessoas, não desejar encontrar sequer aquelas que fazem tanto bem. Não há ânimo para qualquer leitura, para qualquer escrita, para qualquer diálogo, para nada. Tudo com aquela feição de casa com portas fechadas e um imenso vazio lá dentro. Mas por que assim? Ninguém tem uma resposta exata. Não são instantes passageiros, mas uma situação que se prolonga o dia inteiro. Não é nada com clara motivação, por isso mesmo mais instigante ainda. Sequer a chuva entristece mais, sequer o silêncio provoca o grito interno, sequer a solidão produz a reflexão. É um estado de letargia, de esmorecimento, de inafastabilidade de tudo. A feição é mais triste sim, mais aflitiva e angustiada, mas não por causa de ação motivadora de sofrimento. Simplesmente porque está distante de tudo. Afastado de tudo, da força, da motivação, da busca. E não se sabe até quando permanecerá tal mistério na alma. Até que o sopro triste que trouxe a indiferença na vida a transforme em razão de viver.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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