Rangel Alves da Costa*
Talvez apenas uma lágrima, uma vertigem de
água se debruçando sobre o rosto. Não precisa que compreendam nem a tua nem
qualquer lágrima. As lágrimas não surgem para serem compreendidas, apenas
sentidas. Assim, deixe que vejam tua lágrima como qualquer lágrima, como um
fiozinho molhado que se deita sobre tua face, pois os verdadeiros motivos
somente a ti cabem compreender. E sabes muito bem porque choras. Não sei,
sequer imagino a motivação. O rio que me dói é oceano que a ti corrói, o leito
que me destrói pode em ti apenas passar. Mas posso imaginar tua lágrima. Tudo
no reflexo do que já senti, do que já sofri, do que já padeci, do que já me fiz
tempestade e temporal. Oh como dói sofrer. Não há abismo mais profundo e mais
emerso que o sofrimento. Conheço bem a nuvem de tua lágrima. E vejo-te em
adeus, em instante de despedida, com lenço aberto à mão, dizendo não vá, não
vá, não vá. E na curva do tempo tudo sumido. Não importa se ente querido, se
ser amado, se a paixão que se foi. Nada importa. O que importa é a verdade na
lágrima chorada, na lágrima que derramaste.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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