SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 11 de julho de 2015

Palavra Solta: dentro do mato


Rangel Alves da Costa*


O mato não é só é natureza, não é só pé de pau, não é só vereda, não é só galho e folhagem, não é só é bicho, espinho, pedra, armadilha, pois muito mais. O mato é muito mais e principalmente mistério. Dentro da mataria está a morada dos seres encantados, dos elfos, dos duendes, da cobra-grande, do saci-pererê, da caipora, da matita-pereira, do fogo-corredor, dos vultos desconhecidos que se escondem às sombras. Dentro do mato há uma mesa farta de doçura e de cor, pois lugar do araticum, do araçá docinho, do melão coalhada, do umbu, de muitas e tantas outras espécies que deixam a boca na maior gulodice. É no mato que nasce o veio d’água pequenino que vai escorrendo em riachos e rios, que banha a natureza e dá sobrevida às populações ao redor. No mato há o silêncio e o som, o espanto assustador, a visita inesperada, o bicho que se achega mansamente, porém com olhos de traição. Mato de vozes desconhecidas, de voos por cima das árvores, das folhagens que se mexem sem que ninguém saiba o que esconde. Também é dentro do mato, bem nas distâncias do mundo, que mora o velho sertanejo. Uma vida longe de tudo, merecida distância de uma civilização que corrompe a pureza do ser. Somente ele, a família, a lua, o sol, a mataria e a suave e constante canção da natureza.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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