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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

VÉSPERA DE CARNAVAL: VIAJAR, BRINCAR OU REPOUSAR?


Rangel Alves da Costa*


Carnaval é o evento mais festejado do calendário nacional. Não é por menos que as escolas de samba trabalham incansavelmente o ano inteiro à espera do momento mágico do desfile, e coisa rápida para a grandiosidade de cada agremiação. Por isso mesmo ter gente que respira carnaval durante todo o percurso do ano.
Contudo, a maioria é formada por profissionais dos barracões, por uma gente que vive disso e pra isso. Outra parte, principalmente aquela formada por pessoas das comunidades onde as escolas possuem seus berços, sente o coração pulsar mais forte neste período, e ainda mais quando defenderá na avenida o estandarte de sua escola.
Mas nem todos vivem nas capitais onde as escolas de samba comandam a folia carnavalesca. Espalhados pelos quatro cantos do país estão aqueles foliões de salão, de carnaval de rua, de blocos, de trios e cordões. Mas também tantos outros que nem suportam ouvir o ronco dos tambores.
Onde os trios elétricos passam arrastando multidões e as vozes vão ecoando os sucessos do momento, certamente há euforia parecida com aquela observada nos desfiles das escolas de samba, só que de forma mais espontânea e desorganizada. E forçadamente dança quem vai apenas apreciar.
Nas regiões interioranas, principalmente aquelas litorâneas onde as águas dos rios ou praias já garantem a diversão, basta que surjam alguns trinados ou um carro de mala aberta e com som potente para que tudo se torne em animação sem hora pra acabar. Pela justificação de ser carnaval, momento apropriado para brincar e se divertir, então a bebida e outras ingestões se tornam como máscaras dos foliões.
Mas quem não gosta de carnaval, não se sente bem nem ouvindo uma marchinha dos velhos tempos, o que deve fazer no período momesco? As opções são muitas, dependendo do gosto e dos objetivos de cada um.
Acaso a aversão seja simplesmente com relação aos festejos, outra coisa não resta a fazer senão aproveitar o período para agendar alguns afazeres pessoais, escolher alguns bons livros e filmes, dar adeus ao mundo lá fora e se manter de portas fechadas, no desejado enclausuramento.
Eis o momento apropriado para reencontrar um pouco consigo mesmo, dialogar intimamente, colocar em ordem aquilo que desde muito vem sendo procrastinado. E também a ocasião ideal para colocar no papel tramas e enredos engavetados na mente, tecer os poemas que permaneciam inacabados no livro do coração.
Mas se a opção de não participar do carnaval for de ordem espiritual ou religiosa, a busca por um bom retiro talvez seja o melhor caminho. As igrejas, grupos e comunidades religiosas geralmente organizam retiros em locais previamente destinados aos cantos, às palestras, às leituras, jogos e brincadeiras.
Acaso o desejo seja pelo silêncio, pelo real distanciamento do mundo lá fora, onde se possa desfrutar de cenários e paisagens ideais para a meditação e a reflexão, então não há nada mais convidativo que acampar. E talvez na beira de um rio ou lago, numa planície verdejante ou nalgum lugar onde seja possível ouvir os sons da natureza ao redor.
Sorte daqueles que podem viajar para pousadas em meio à natureza, que podem alugar casas em regiões serranas ou simplesmente sentir os encantos de um hotel fazenda. Contudo, há os que se contentam em apenas ter os dias de descanso na própria residência, e de vez em quando experimentando uma bebida para aliviar o calor.
Como não sou folião nem viajo, estou sem beber e desde muito que não danço sequer uma valsa, quase não mudo minha rotina. Mas minha vontade é de subir na mais alta das montanhas e lá em cima, no silêncio das horas e na paz das alturas, simplesmente esquecer que o mundo existe.
Mas ter a certeza que Deus existe e que está ali. E com ele conversar até quarta-feira de cinzas. E trazer a sua presença e a sua palavra para mais próximas de minha vida.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com 

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