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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

PALAVRAS SILENCIOSAS – 516


Rangel Alves da Costa*


“Gosto de Clarice Lispector...”.
“Mas não gosto de Clarice...”.
“Sua prosa intimista é palavra e sangue...”.
“Desabafa numa literatura sem igual...”.
“Mas se intromete demais na minha vida...”.
“Porque sua verdade também é a minha...”.
“Gosto de Mário Quintana...”.
“Mas há alguém que não goste de Mário?”.
“Sim, aqueles velhos da Academia...”.
“Um dia lhe negaram o fardão...”.
“Que velharia mais insana e inconsequente...”.
“Eis que Quintana não é só o maior poeta gaúcho...”.
“Mas o maior poeta brasileiro...”.
“Que me desculpem Drummond e Cecília...”.
“Mas a verdade é pra ser dita...”.
“Quintana possui lirismo lúdico...”.
“É poesia e é brincadeira...”.
“Filosofia percorrendo a poética...”.
“Falando ao nosso cotidiano...”.
“E bem ao nosso ouvido...”.
“E não precisa de preciosismos...”.
“Métricas e rimas para expressar sua arte maior...”.
“Sua poesia humana e cativante...”.
“Assim como aqueles que atravancam meu caminho...”.
“Eles passarão...”.
“E eu passarinho...”.
“Gosto de José Mauro de Vasconcelos...”.
“Simplesmente amo a obra de Zé Mauro, e pronto...”.
“Rosinha, minha canoa...”.
“Principalmente Meu Pé de Laranja Lima...”.
“Há história mais cativante que esta?”.
“Mais dolorosamente humana e poética...”.
“A poesia cotidiana, das relações familiares...”.
“Das verdadeiras amizades...”.
“E do amor existente entre um menino...”.
“E uma árvore de fundo de quintal...”.
“Um pé de laranja lima...”.
“E que tristeza, meu Deus, quando o menino...”.
“Afirma, quase ao final da história...”.
“Que haviam cortado seu pé de laranja lima...”.
“Gosto de Jorge Amado...”.
“Quer dizer, amo Jorge Amado...”.
“O homem Jorge e sua literatura...”.
“Todos os seus livros...”.
“Desde os panfletários aos apimentados...”.
“Aqueles de belas mulheres povoando a imaginação nordestina...”.
“Gabriela, Tereza Batista, Dona Flor...”.
“Mas também as lides nos cabarés de putas afrancesadas...”.
“Os coronéis disputando terras e riquezas...”.
“Os negros nas suas andanças e mortes no cais...”.
“Os batuques nos terreiros africanos...”.
“Um cheiro bom de cacau... E o sangue derramado...”.
“Uma tocaia grande, um jagunço...”.
“Grande Jorge, meu bom Jorge...”.
“Amado Jorge...”.
“Amado...”.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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