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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

JORNALISTA LUIZ EDUARDO COSTA E A REPUGNANTE DEFESA DE FREI ENOQUE


Rangel Alves da Costa*


Sob a pena do jornalista, secretário de governo e imortal Luiz Eduardo Costa, o ex-prefeito de Poço Redondo, Frei Enoque, é um verdadeiro santo. Santifica-o de tal modo que nenhuma mácula tão própria do ser humano caberia naquele que, segundo lê-se nas entrelinhas, é o mais puro entre os seres humanos, a verdadeira inocência em pessoa.
É até estranho que o ilustre jornalista se esmere tanto na defesa intransigente do “pobre e humilde Frei Enoque”, vez que sempre amigo do poder e dos que estão exercendo funções eletivas. Contudo, o que mais assombra é a cegueira total, absoluta, para não dizer vergonhosa, diante de uma realidade que não pode ser negada sob qualquer aspecto.
Ora, toda a nação brasileira sabe, desde muito tempo, das condenações impostas ao Frei Enoque, tanto pelo judiciário como pelos tribunais de contas. No plano da reincidência, afastada logo está a inocência. E certamente não é tão inocente e imaculado assim aquele que já foi preso, teve contas rejeitadas, respondeu a processos por improbidade, e continua sendo condenado.
Creio que a valorização do ser humano está também no reconhecimento do erro. Mas o que o jornalista Luiz Eduardo Costa quer passar à sociedade é a imagem de um Frei Enoque com caráter inabalável, de absoluta honradez, alguém que não mereceria qualquer pecha de corrupto, ímprobo, mau gestor da verba pública. E porque os magistrados e outros julgadores sempre encontram rastros desviantes da honestidade, então logo o ex-prefeito se torna na pessoa mais injustiçada do mundo.
O povo de Poço Redondo, mesmo aqueles seus eleitores, fanatizados e bajuladores (e que são muitos), sabe muito bem o que se esconde por trás de Frei Enoque, como alguém que desde muito abdicou de seu juramento religioso para enveredar no mundo político e manter o poder a todo custo, e passando por cima de tudo e todos que ousem desafiá-lo. Religioso, pacato, humanista?
Contudo, o que mais se torna repugnante nas afirmações de Luiz Eduardo Costa é o desnorteamento que pretende impor a fatos demasiadamente conhecidos pela sociedade sergipana, e até afrontando a seriedade dos órgãos julgadores. Eis alguns trechos do que o jornalista, sob o título “Frei Enoque ou a dignidade castigada”, escreve na edição deste domingo (1º de dezembro de 2013) do Jornal do Dia:
“Justamente ele, exemplo de vida recatada, de desamor ao dinheiro, de dignidade e de solidariedade humana”;  “um cidadão que é moralmente inatacável”; “Frei Enoque não deixou rombos no orçamento municipal, que ele tirou do bolso o próprio salário para ajudar a manter funcionando bem o hospital, os postos de saúde, que alimentou os pobres, tudo dentro das boas formas como se pratica a caridade cristã”; “Curvem-se (...) à majestade honrada de um homem exemplar, curvem-se e lhe peçam desculpas, talvez perdão”.
Ler tais afirmações causa enojamento, repugnância, verdadeira aversão ao jornalismo compromissado com a inverdade. Só faltava Luiz Eduardo Costa dizer que tão pobre Frei Enoque é que se alimenta das esmolas que os seus fanáticos dão. A pobreza seria mentirosa, mas as esmolas são verdadeiras.
No dia 08/03/2013, o mesmo Jornal do Dia publicava: “A pedido do Ministério Público Federal em Sergipe (MPF), a Justiça Federal condenou o ex-prefeito de Poço Redondo, Enoque Salvador de Melo, conhecido como Frei Enoque, por improbidade administrativa. O processo diz respeito ao mau uso de verbas do Ministério da Educação (MEC) relativas aos programas Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Educação de Jovens e Adultos (Peja) e Nacional de Transporte Escolar (PNATE)”.
Já no último dia 13/11/2013 a Assessoria de Comunicação do TCE/SE publicava que “Devido a despesas não comprovadas e ao excesso nos subsídios do prefeito e do vice-prefeito, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/SE) decidiu pela irregularidade do período inspecionado de outubro a dezembro de 2009, na Prefeitura Municipal de Poço Redondo, condenando o então gestor, Enoque Salvador de Melo, a ressarcir o valor de R$ 46.725,72, além do pagamento de multa de R$ 2mil pelas falhas formais constatadas. O julgamento ocorreu na sessão da Segunda Câmara ocorrida na manhã desta quarta-feira, 13”.
E basta uma simples pesquisa para conhecer diversas outras condenações impostas a esse deus louvado por Luiz Eduardo Costa. Contudo, talvez até que o ilustre jornalista esteja certo. Os magistrados, promotores e conselheiros dos tribunais de contas deveriam saber que não são humanos os atos praticados por alguém reverenciado como superior, ainda que envoltos no lamaçal da improbidade.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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