SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

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terça-feira, 17 de julho de 2012

ESTÓRIAS DOS QUATRO VENTOS: ALI O SILÊNCIO, ALI A SOLIDÃO... (83)


                                                Rangel Alves da Costa*


A visitante parou de sua breve caminhada ao redor, e se pondo em pé tendo em volta raios de sol, parecia mais uma imagem santa envolta de luz. Nessa posição, olhou firmemente nos olhos de Crisosta e respondeu a pergunta sobre quem realmente era, se era enviada de outra dimensão ou uma espécie de anjo. E disse:
“Oh, linda moça, entendo muito bem sua preocupação com a minha presença, por eu ter aparecido assim, por lhe parecer tão estranha. Mas repito que não deverá ter qualquer tipo de receio ou temor com relação à minha presença. Como cheguei, partirei na brisa, no vento, em qualquer passagem que me faça seguir viagem...”.
Aflita, a anfitriã interrompeu para dizer: “Mas não foi sobre isso que perguntei. Na verdade perguntei se...”.
E foi a vez de a visitante se aproximar mais para tentar acabar logo com aquela aflição. E prontamente disse: “Ah, sim, minha boa moça, vou apresentar-me por completo. Direi quem realmente sou, de onde vim e o que quero. Mas peço-te que caminhemos um pouco enquanto explico tudo. Faço a favor...”.
E atendendo o convite, Cristosta se encaminhou para o lado da visitante, que de braço estendido mostrava a direção onde deveriam seguir. E foram caminhando lentamente em direção ao velho carro de boi. E a cada passo as palavras iam brotando da boca da visitante:
“Você sabe muito bem que tem um anjo da guarda, não é mesmo, e que ele está neste momento lhe acompanhando e assim estará enquanto vida tiver, não é mesmo? Pois bem, conheço muito bem o seu anjo da guarda e até sou muito amiga dele, pois também sou uma espécie de anjo...”.
Totalmente tomada de surpresa, olhando de lado sem acreditar muito no que ouvia, Crisosta interrompeu:
“Tenho sim um anjo da guarda, oro por ele, peço proteção e sei que ele me ouve e que está sempre comigo, sempre ao meu lado me acompanhado em todos os passos que dou. Certamente que nesse momento ele está aqui ao meu lado me protegendo. Mas que eu saiba os anjos são seres divinos que não aparecem assim fisicamente, como gente de carne e osso igual a você. Pelo que eu ainda saiba, os anjos são como luz sem mostrar o brilho ao nosso olhar, são como presença que a gente nem sente. E eu estou lhe vendo, sei que é uma mulher, e uma mulher ainda jovem e que fala, anda e até respira igual a todo mundo...”.
Diante das palavras de Crisosta, a visitante apenas sorria parecendo estar encantada com tudo que ouvia. E em seguida disse:
“Não deixa de ter razão, minha jovem, pois não deixa de ser verdadeiro muito do que saiu de sua boca. E digo muito porque infelizmente tenho de dizer que você se engana em alguns pontos. Verdade é que nem todos os anjos são, como você diz, apenas a certeza da presença, de sua proteção e guarda. Todos os anjos bons fazem isso mesmo, protegem, guardam, guiam, iluminam o guardiado, são como luzes nos caminhos. Mas nem todos são apenas como ideia, como certeza que está apenas no pensamento. Muitos anjos caminham por aí, vivem entre as pessoas, falam normalmente e quem os encontra nem percebem que estão em missão. Assim, muitos anjos andam, falam, cumprimentam, mas de repente a pessoa cumprimentada apenas fica imaginando que conhece aquela pessoa de algum lugar. Corre a procurá-lo e não encontra mais. E isso acontece porque sua estadia na terra é curta, é temporária, pois sempre vem em missão. Quando tal missão é cumprida simplesmente desaparece, volta para o seu reino, para a sua tríade. Mas nem todos os anjos têm a capacidade de ser assim. Somente alguns, como eu, pode de repente aparecer diante de um ser vivente, cumprir sua missão e depois retornar ao seu nível angelical. Pois então, Crisosta, pois sei que este é o seu nome, deixe-me apresentar: sou uma querubim, um ser de força e missão concebidas por Deus, num estágio mais elevado que os outros anjos, pois sempre mais próximo da presença divina, e que fui enviada especialmente para tratar de sua viagem. Aquela mesma viagem que você fez recentemente. Recorda dessa viagem?”.
“Um anjo, um querubim? Meu Deus, não posso acreditar! Então prove que você é um anjo, um querubim, ou qualquer outro ser que queira afirmar!...”.
Continua...


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
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