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sexta-feira, 9 de março de 2012

DO AMOR (Crônica)

DO AMOR

                                Rangel Alves da Costa*


Amar, e amar conjuntamente, dividindo sentimentos com o outro, mas também mantendo autonomia, liberdade e independência para decidir o melhor diante de situações conflitantes.
Recusar-se a fingir alegria quando está entristecido, a disfarçar contentamento quando está descontente, dissimular a existência de situações maravilhosas quando o momento requer cautela.
Recusar-se a prática de ato que contrarie os bons costumes, o respeito familiar e social que, ainda que constitua fato comum para os outros, seja contrário aos ditames de  sua consciência, de sua ética e de sua moral.
Manter segredo do que intimamente sente, somente revelando-o quando achar conveniente e de modo a não deixar transparecer que está arrependido por ter agido assim.
Ser tratado pelo outro com respeito, dignidade, apreço e principalmente amor e carinho, retribuindo-os mais fortemente ainda à medida que sinta a verdade em tais considerações
Exigir o reconhecimento por tanto amor que fielmente comunga, pela fidelidade que não pode ser negada, pelo respeito que se dá para não ser confundido.
E isto porque todas as pessoas nascem livres e iguais para amar; são dotadas de razão  e consciência para escolher seu amor, e devem agir em relação à escolha como se a sua própria vida dependesse da valorização dessa opção amorosa.
E toda pessoa, no exercício do seu direito de amar, deverá fazê-lo de forma tão honesta e confiável que o outro se sinta tão respeitado que passe a se comportar sempre como devedor de uma retribuição amorosa maior ainda.
Uma vez amando, ninguém será submetido à escravidão amorosa, subjugado pela falsa paixão, dominado nos seus anseios de ter e partilhar um amor verdadeiro, permanecendo distanciado dos ciúmes, das falsidades, das atribulações forjadas que tantas dores trazem ao coração.
Daí que é dever de quem ama preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade de si mesmo e do outro, zelando pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade que o amor se constitui para o fortalecimento do espírito.
Tão necessário quanto manter o equilíbrio da relação amorosa é velar pela reputação do relacionamento, de modo que a ninguém seja dado o direito de criar inverdades naquilo que se mostra tão perfeitamente equilibrado.
Caberá sempre, e a cada um, empenhar-se, permanentemente para que a relação se fortaleça ainda mais, a partir de atitudes que ao outro demonstre um desejo de eternidade enquanto durar o amor. Infinito na presença, eterno na ausência pela força do destino.
Será sempre característica crucial daquele que ama pugnar pela solução dos problemas surgidos, antever situações que possam interferir negativamente na relação amorosa e lutar sempre para afastar do caminho os empecilhos, as pedras do caminho, as tantas situações difíceis que surgem como a testar a capacidade de sobrevivência do amor em cada um.
Só haverá amor naquele que ao menos minimamente saiba amar, e por isso mesmo tenha o dom de compreender que amar é ser parte do outro em qualquer situação da vida, estar ao lado na mesma situação, compartilhar esperanças e ter a força necessária para continuar amando ainda que tudo na vida, repentinamente, queira dizer não a todo sim sentido.
Nunca imaginar que o seu amor não é a mais bela relação amorosa que existe. E tanto é a mais bonita, a mais verdadeira, a mais fascinante, que não é apenas uma vida a dois, uma comunhão de sentimentos, e sim uma música, um lindo poema.
E lembre sempre que o amor é tudo. Porque, como afirmou Nietzsche, “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”.



Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com 

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